terça-feira, novembro 28, 2006

The Castle of Otranto, de Horace Walpole


The Castle of Otranto desiludiu-me, esperava melhor daquele que é considerado o primeiro romance gótico, de 1764. Parece-me um dos casos em que um livro fez época mas fica irremediavelmente datado - ao contrário, por exemplo, dos romances góticos de Ann Radclyffe, como O Italiano ou The Mysteries of Udolpho, que ainda hoje se lêem com agrado e conseguem manter um clima de mistério e suspense digno do que foram os antepassados dos romances de mistério / policiais (ou como, décadas depois, o excelente A Mulher de Branco, de Wilkie Collins). Uma das diferenças dos livros de Ann Radclyffe, por exemplo, é que nestes nunca há recurso ao sobrenatural, os mistérios aparentemente inexplicáveis têm sempre uma explicação terrena mais ou menos engenhosa; em Otranto, a utilização do sobrenatural parece-me sinal de falta de imaginação e acaba por ser moralista e empobrecedora.

Mas enfim, é um livro de referência, um marco, e tem a virtude de ser pequeno e nada maçador. A título de curiosidade, Horace Walpole também lançou a moda do revivalismo neogótico na arquitectura com o seu castelo no campo e inventou a palavra serendipity. E mais uma vez louvo a iniciativa do projecto gutenberg (www.gutenberg.org) que nos permite aceder a obras fora de circulação ou difíceis de encontrar.

segunda-feira, novembro 27, 2006

A propósito de Lytton Strachey - The New Biography, de Michael Holroyd


A primeira vez que ouvi falar de Lytton Strachey foi nos Diários de Virginia Woolf. Aliás, foi através destes Diários que se desenvolveram o meu interesse e admiração pelo Grupo de Bloomsbury.
Lembro-me vagamente de ler Virginia Woolf pela primeira vez por volta dos 18 anos, Mrs.Dalloway, de ter gostado mas sem me impressionar especialmente (gostei muito mais quando o reli, anos mais tarde). Só mais tarde, com Rumo ao Farol, seguidos de Orlando, O Quarto de Jacob e As Ondas, e dos Diários, é que me tornei um fervoroso adepto da escrita de Virginia Woolf e, através dela, de Bloomsbury. Por essa altura já conhecia também os romances de E.M. Forster, a que chegara pelos filmes de James Ivory dos finais dos anos 80, e que nem sabia ser conhecido de Virginia Woolf. Mas, ao contrário de Lytton Strachey, Morgan Forster nunca foi uma personagem fulcral do grupo. Ao longo do tempo, os nomes e as vidas de pessoas como Virginia e Leonard Woolf, Vanessa Bell, Duncan Grant, Roger Fry, Lytton Strachey, Clive Bell, Maynard Keynes (de quem ouvira falar nos livros de História), Ralph Partridge e outros foram-se-me tornando familiares, quase como amigos ou velhos conhecidos.
O Bloomsbury Group esteve alternadamente na moda e fora de moda ao longo das décadas, foi meticulosamente escalpelizado (a começar pelos seus próprios elementos) e abundantemente criticado – as críticas mais frequentemente apontadas aos bloomsberries ou bloomsburyites, como são chamados, são as de serem pretensiosos, pedantes, maldizentes, mentirosos ao ponto da mitomania, auto-complacentes, narcisistas, superficiais, frívolos, e em geral inconsequentes.
Certamente, cada um deles tinha muitos defeitos, eram provavelmente vaidosos e algo arrogantes, seguramente mexeriqueiros (como disse Gore Vidal algures, they turned gossip into a form of art), e o valor artístico do que fizeram foi muito variável. Mas para mim, representam uma época que me fascina e que admiro imensamente – o começo do século XX, o aparecimento da modernidade, a ruptura com os valores tradicionais dos séculos anteriores que permitiu o nosso mundo contemporâneo de ideias e valores modernos (não consigo encontrar palavra melhor), no sentido de liberdade de espírito, de independência e tolerância.

Uma passagem do livro de Holroyd (episódio que já lera na biografia de Virginia Woolf de Quentin Bell): “Lytton ‘released Vanessa from guilt and the need to conform’, wrote her biographer Frances Spalding. Her sister Virginia recorded a famous incident the following year when, entering the drawing room at Gordon Square, Lytton pointed his finger at a stain on Vanessa’s dress and inquired ‘Semen?’ Could one really say it, they wondered, ‘& we burst out laughing’. Only those getting to know Lytton well in those days when freedom of mind and expression were almost unknown, Vanessa wrote, ‘can understand what an exciting world of explorations of thought and feeling he seemed to reveal.’”

Os bloomsburyites fizeram parte da geração que criou o mundo moderno – intelectual e moralmente aventureiros, irreverentes, tolerantes, pacifistas, curiosos. Aquilo que na época era tomado como decadência de costumes porque tão aberrantemente diferente da norma estabelecida e que hoje parecem frivolidades para atrair as atenções porque são comportamentos que actualmente já não espantam ninguém, exigiu na altura muita coragem moral. E de certa forma, a intrincada rede de relações de amizades e solidariedades entre eles contribuiu para que tivessem a coragem e a segurança para viver segundo as suas ideias – é de todos os tempos a tendência de grupos com comportamentos / ideias pouco convencionais encontrarem segurança num código de conduta / atitudes partilhadas, que facilmente parecem aos outros tolices arrogantes.

Quanto a Lytton Strachey, era provavelmente muito irritante, teatral, e aquilo que hoje chamaríamos “muito bicha”. Mas escrevia admiravelmente bem, e defendia as suas ideias com uma ironia aparentemente suave mas arrasadora – o seu Eminent Victorians é demolidor, desmascarando completamente os valores vitorianos em toda a sua hipocrisia e influência perniciosa sobre a liberdade de espírito, e no entanto sempre no tom mais perfeitamente culto e educado que se possa imaginar. Aliás, ouvira falar muito deste livro antes de o ler, e já conhecia então a vida de Lytton Strachey em linhas gerais, e fiquei surpreendido em como é bom – imensamente actual (porque a hipocrisia e o tartufismo são eternos, e não exclusivos dos vitorianos – e como tendem por natureza a tomar conta dos moeurs!) e delicioso de ler. E a vida de Lytton, a sua longa relação com Carrington, é mais um exemplo de como as relações e os amores podem ser diferentes, estranhos só na aparência, mas essencialmente individuais, no sentido em que cada um é um caso, precioso para quem está envolvido, e podendo evoluir das mais variadas formas, até onde cada um se deixar ir.

A biografia de Michael Holroyd é minuciosa e compreensiva, e mostra um imenso afecto e admiração pelos seus sujeitos. Lê-se como um romance, interessante, divertido e dramático. Há anos, vi o filme Carrington, de Christopher Hampton, que é baseado neste livro – penso que no geral é uma boa adaptação, com um ambiente bem recriado e personagens bem conseguidas, nomeadamente a Carrington de Emma Thompson e o Lytton de Jonathan Pryce.

Continuo pois um fan de Bloomsbury – próxima incursão, a correspondência entre Virginia Woolf e Vita Sackville-West!

sábado, novembro 25, 2006

A Prairie Home Companion, de Robert Altman


Vi há dias A Prairie Home Companion, por coincidência no dia da morte de Robert Altman. E é de certa forma um filme apropriado para fazer perto da morte – todo repassado de um afecto nostálgico, de uma sensação mista de melancolia, de amor à vida e de gosto pelo que se viveu, ou seja, o tom de uma elegia de quem ama a vida e sente que esta está a terminar. A construção do filme é semelhante à de outros filmes de Altman – numerosas personagens apanhadas num momento crucial, interpretadas por um excelente naipe de actores, histórias cruzadas, diálogos sobrepostos, uma morte pelo meio. Os números musicais estão magníficos, com uma série de jingles hilariantes e Garrison Keillor (o intérprete do animador do programa, que também é o autor do argumento, das letras e da maioria das músicas) actua como uma espécie de fio condutor – penso que ele é na vida real semelhante à personagem, e deve ter sido a inspiração da ideia do filme. Meryl Streep, Lily Tomlin, Woody Harrelson e John C. Reilly estão óptimos como habitualmente, gostei menos da interpretação de Kevin Kline. A personagem de Virginia Madsen lembra um pouco uma personagem semelhante de Jessica Lange num outro filme-prenúncio-de-morte, All That Jazz.

Short Cuts continua a ser o meu filme favorito de Robert Altman, que encontrou então em Raymond Carver o contador de histórias perfeito para o seu tipo de filmes. Mas A Prairie Home Companion é também muito bom, muito melhor que Gosford Park, que achei um bocado falhado.

domingo, novembro 19, 2006

Os Arautos do Paintball, ou o marketing modernizado


Há dias, o meu Abdallah apareceu em casa todo entusiasmado (o que não é raro, pois ele é um optimista incurável) com uma notícia da escola (o que já é mais raro, dado que é um gazeteiro rufião): “Foram lá umas pessoas, e vou inscrever-me no karate e poder fazer paintball de graça!!” Abriu a sempre caótica mochila, e num restolhar de papéis amarrotados, cordéis, tampas de garrafas, paus e outras utilidades várias, lá sacou de uns prospectos: “Só tens de preencher a autorização e a inscrição, é aos fins-de-semana e é grátis!” (Não é que eu seja assim tão avarento, mas como um dos argumentos que eu geralmente lhe avanço quando lhe recuso actividades como karting, paintball, laserfight ou outras de que se lembra é o preço, suponho que ele achava que enfatizando bem o grátis era meio caminho andado para me convencer.)

Sempre céptico quanto às grandes facilidades que o meu Abdallah calvinescamente me apresenta, deu uma vista de olhos pelos prospetos, onde se destacavam belas fotos de miúdos em actividades “radicais” várias; depois vi os cabeçalhos: Arautos do Evangelho, e um logotipo ao canto com um desenho em que figurava, salvo erro, uma Nossa Senhora de Fátima e as chaves de S.Pedro. “Pois, pensei, cá está a explicação de tanta facilidade”. A minha resposta foi curta: “Arautos do Evangelho? Nem pensar. São coisas religiosas, não vês?” E apontei-lhe os símbolos e o pequeno texto explicativo sobre o que eram os Arautos do Evangelho (que ele obviamente não lera); ele ainda insistiu (“Mas não temos de lhes dar dinheiro”, “Mas é paintball!”) mas com pouca convicção, porque ele sabe bem que as minhas posições anti-religião são inabaláveis – foi-lhe incutido desde o berço, ao fim e ao cabo era ele que aos 3 anos apontava para as fotografias do Papa João Paulo II no jornal e dizia que era “um homem muito mau”.

Nunca tinha ouvido falar dos Arautos do Evangelho, mas não é nova esta forma da Igreja tentar aliciar os miúdos para as suas fileiras – suponho que a oferta do paintball grátis nos anos 00 é equivalente à táctica, que hoje nos parece ingénua, de pôr jovens no coro da missa a tocar guitarra e a cantar músicas do Bob Dylan e do Simon & Garfunkel com letras piedosas nos anos 70-80.

OK, a Igreja é livre de utilizar as técnicas de marketing que desejar, e só resulta com quem quiser. O que me irrita é a escola, pública e laica, permitir que o seu espaço e o tempo lectivo sejam utilizados para essa propaganda. Tal como me irritou quando, na primária, ele me apareceu um dia com os impressos para a inscrição na catequese, “para fomentar a boa relação entre a escola e a paróquia”. Sou acérrimo defensor da laicidade da escola pública e da sua separação de qualquer confissão religiosa. E acho muito pior esta utilização da escola pela Igreja para fazer propaganda do que o uso do véu islâmico por alunas (ou, já agora, de crucifixos ou turbantes sikh ou ankhs ou cornos diabólicos). Porque se um aluno acha que esses símbolos fazem parte da sua identidade e são importantes para ele, não acho que daí venha mal ao mundo se os usar, é a sua atitude pessoal, que é tão importante para os outros como usar T-shirt encarnada ou uma corrente no cinto. Por isso sempre achei estéril e contra-producente (porque exacerba as convicções de quem quer usar esses símbolos, porque passam a sentir-se perseguidos, e algo que na maior parte dos casos era um simples adereço cultural passa a assumir uma importância muito maior) esse tipo de proibições. Mas sou frontalmente contra a escola pública, como instituição ser utilizada para difundir proselitismos / propagandas religiosos. Sim, e isso inclui os crucifixos na parede, que não têm o mesmo significado que usados ao pescoço de estudantes.

quinta-feira, novembro 16, 2006

8 1/2, de Federico Fellini


Vi finalmente 8 1/2, de Fellini, que é tão bom como dizem. Um caleidoscópio de cenas magníficas numa bela fotografia a preto e branco, Marcello Mastroianni e Anouk Aimée execelentes. Há muitas referências freudianas, a banda sonora e a sequência de cenas evocando o universo do circo (lembrando um pouco La Strada, mas não triste como este, antes repassado de um optimismo e gosto pela vida entusiasmantes). Até agora, o meu filme favorito de Fellini era La Dolce Vita, mas este não lhe fica nada atrás.

terça-feira, novembro 14, 2006

The Hamlet, de William Faulkner


The Hamlet é o primeiro livro do ciclo de Yoknapatawpha centrado nos Snopes, que aparecem em vários outros livros da série. Os Snopes são os perfeitos representantes do white trash - como ervas daninhas, aparecem e multiplicam-se, tenazes, rasteiros, sonsos, cruéis, quase todos incapazes de passar da miséria, exceptuando o matreiro Flem, que vai devorando implacavelmente o que o rodeia. Como sempre, o livro está excelentemente escrito, faz-nos sentir o universo cruel, estranho e fascinante do Sul de Faulkner, bem mais real e impressionante que as versões cinemascope de Gone With the Wind ou televisivas de North and South.

domingo, novembro 12, 2006

Little Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris


Gostei muito deste filme, talvez o melhor road movie que vejo desde Thelma and Louise. Muito engraçado - muitas vezes hilariante -, inteligente, sensível e afectuoso, sobre a busca da felicidade e de objectivos numa época de confusão e de falta de perspectivas, e os valores a que nos podemos segurar. Sem lamechices nem condescendências, com uma boa dose de humor. As personagens estão bem construídas e as interpretações são excelentes, sobretudo as de Greg Kinnear e Toni Collette. A cena do concurso é arrasadora.

(Não tem nada a ver com o filme, mas as cenas do arranque da carrinha em 3ª fizeram-me lembrar uma viagem que fiz há muitos anos. Planeáramos - a minha namorada, eu e um casal de amigos - uma viagem pelo norte de Espanha. Na véspera da partida, o carro avariou-se: não se conseguia reduzir de 3ª para 2ª. Com a alegre irresponsabilidade da juventude, e já que não havia dinheiro para alugueres de automóveis, partimos na mesma, pensando que se podia perfeitamente conduzir em 3ª. De facto, assim foi, mesmo pelas estradas dos Picos de Europa, onde nos íamos espetando contra um autocarro de turistas ao sairmos de uma curva, a subir, em contra-mão... Mas como diz o ditado, audaces fortuna juvat, e não houve consequências.)

quarta-feira, novembro 08, 2006

Star Wars - a exposição


Fui ver ao Museu da Electricidade a exposição Star Wars. É interessante, embora um bocada cara - 10 euros por pessoa, só não pagam as crianças até aos 7 anos. Além de múltiplos objectos usados nas filmagens - roupas, uniformes, cadeiras, os robots R2D2 e 3CPO, o podracer de Annakin, um caça Naboo, modelos de naves, etc -, tem desenhos de projectos, pequenos documentários sobre a utilização das peças expostas, cenas do filme em que estas aparecem, e um documentário muito bom sobre as filmagens. Enfim, é engraçado para quem conheça bem a série, e uma alegria para as crianças fãs - desde a presença de guardas do Império devidamente uniformizados aos jogos de X-box - como o meu Abdallah, que lá se passeou todo contente armado com a sua espada de laser. Vale também a pena rever o Museu da Electricidade, que é um edifício soberbo, interessante pelo conteúdo e esteticamente belíssimo - um excelente exemplo de recuperação de um edifício industrial, que é raro entre nós.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ainda sobre o Sistema Nacional de Saúde


Este pots já vai um bocado atrasado, mas não queria deixar de assinalar a reportagem da Visão sobre onde os nossos políticos se tratam quando estão doentes. Sem excepção, todos disseram que recorrem ao serviço público quando têm alguma coisa de grave, utilizando o privado para processos minor, como check ups e consultas. Penso que é útil contrastar com a reportagem da semana anterior, sobre onde punham os filhos a estudar, em que a maior parte optava pelo ensino privado. Não é isto dos melhores indicadores da qualidade dos serviços públicos de saúde? Acho que deviam reflectir nisto antes de desmantelarem o Sistema Nacional de Saúde... É que deviam lembrar-se de que as alternativas são muito pouco seguras, e a saúde é um assunto muito sério.

Memórias


Last night I dreamed I was in Manderlay again...

voz de Joan Fontaine na abertura de Rebecca


Fez-me pensar nisto um post que li recentemente num blog, que era uma evocação idílica de cenas de infância. Porque ao ler sobre aquelas cenas de uma infância que também foi a minha, revi as minhas próprias recordações das mesmas, e de outras, e pensei que se eu escrevesse daquela forma terna e nostálgica, de alguma forma sentiria a minha voz soar ligeiremente a falso. Não que não guarde boas recordações da infância, nomeadamente daquelas cenas em casa dos meus avós. Mas não consigo evocá-las sem de imediato lembrar outras partes, aquilo que falta na descrição - os conflitos, as infelicidades, as tempestades permanentes, mesmo aquelas de que só me fui apercebendo mais tarde, mas que ficaram irrevogavelmente inseridas no conjunto. E quando hoje revejo a minha infância, não sou capaz de evocar aquela idílica Arcádia habitualmente associada a essa época das nossas vidas, mas um período longo e algo acidentado em que a sensação dominante que recordo era a de me sentir incompleto. O mundo que me rodeava, nomeadamente e sobretudo (porque constituiam a maior parte dele) as relações familiares, parecia-me opressivo e algo que eu desejava superar; queria crescer e as incertezas do futuro, ou provavelmente da minha capacidade para construir esse futuro, assustavam-me.

Toda a memória é uma reconstrução mental e por isso suponho que temperada pelo nosso carácter e pelo nosso perfil emocional. Talvez por eu ser depressivo / ansioso não consiga evocar o passado da mesma forma romântica e idealizada que outras pessoas. Mas a verdade é que não consegui evitar, ao ler esse post, uma sensação algo condescendente de como tudo aquilo me parecia... simplório (haverá talvez outra palavra melhor para exprimir a ideia. Parochial?) Em todo o caso, acho que não foi mau que Manderlay tenha ardido.